- Lua...!
-
Mãe! Eu já disse que é a última mala! – gritei de volta para minha mãe enquanto
descia as escadas.
-
Tem certeza? Eu tenho mais malas do que você – cheguei à cozinha e fiquei a
vendo arrumar uma última caixa para a última remessa da mudança.
- Talvez
seja porque você ficou enfiada no shopping durante um bom tempo – a campainha
tocou.
-
Vai atender a porta.
-
Não, vou deixar quem for que está tocando, mofando lá fora – a mudança
definitivamente está me irritando, não à mudança em si, mas minha mãe andando
para lá e para cá me gritando por nada, meu pai que tem sorte, vai apenas nos
buscar para irmos ao aeroporto e não tem que ouvir as histerias de Anna
Houston.
Fui
até a porta e a abri.
- Ah!
Oi Sr. e Sra. White, Sr. e Sra. Brass e Sr. e Sra. Clark – sorri cada um disse
um “oi” me abraçou e disse alguma coisa positiva em relação à viagem e a Nova
York, depois que os seis entraram eu já ia fechando a porta quando alguém a
parou.
-
Você deixa nossos pais entrarem, mas nós não?
-
Desculpa pessoal, entra, minha mãe está me deixando louca! Desculpa mesmo.
-
Desculpada. Vou sentir saudades – Hayley me abraçou, os três estavam na mesma
sequência na qual cumprimentei seus pais.
- Eu
também minha little redhead.
- E
não vai ser só a Hayley! – Karol voou para cima de mim, me dando um abraço
muito apertado. – Vai sentir saudades de mim?
-
Não little Brad – ela parou de me
abraçar e me encarou.
-
Sério? – não acredito que ela acreditou.
-
Claro que não! – ela voltou a me abraçar apertado.
-
Minha vez Karol – Luka praticamente puxou a Karol para ela poder me soltar. –
Tchau Lua – estendeu a mão e eu a segurei.
-
Vem cá seu bobo! – segurei sua mão mais firme e o puxei para perto, abraçando
bem forte. – Vou sentir muito a sua falta e obrigado por aquele dia – disse o
mais baixo possível, bem perto da sua orelha, para as meninas não ouvirem.
Depois de algum tempo abraçados o soltei.
-
Lua...! – minha mãe gritou da cozinha.
-
Morri! – gritei de volta.
E a
campainha mais uma vez.
-
Lua...! – e a minha mãe mais uma vez.
- Já
sei mãe! – revirei os olhos e os três riram. Fui em direção à porta e abri. –
Tay! – praticamente pulei no pescoço dele, ele me abraçou firme, depois nos
soltamos. – Entra, entra – ele seguiu para dentro da minha casa e eu já ia
fechando a porta.
-
Não fecha.
-
Por quê?
-
Por mim.
-
Megan! – e mais um abraço. – Entra – assim ela fez. – Posso agora Tay? – ele
riu.
-
Pode – fechei a porta.
-
Quem era Lua? – e minha mãe gritando de novo.
- É
para mim mãe! Continua aí fazendo sei lá o que!
Ficamos todos amontoados na sala, Megan e
Taylor sentados e abraçados, logo depois soltaram a bomba: namorados. Fiquei
super feliz pelo os dois, já imaginava que a Megan gostava dele e o Taylor
estava mal na última vez que o vi. Karol sentou-se no braço do sofá, já Luka e Hayley,
ficaram abraçados encostados na parede e eu em pé em qualquer lugar, sempre
gritando para minha mãe que insistia em gritar meu nome a toa. Ficamos
conversando coisas aleatórias, lembrando de momentos divertidos nesses todos anos
que eu morei em Stratford. Megan, por ser quem me conhece há menos tempo, sempre
ficava surpresa e incrédula quando comentávamos de algumas loucuras que
fizemos.
-
Lua, desculpa a pergunta, mas e o Justin? – Megan me perguntou com um pouco de
receio.
-
Ele não vai vir – uma onde de tristeza invadiu a minha voz.
-
Por quê? – Karol.
-
Ele disse que não seria capaz disso. Acho que ele não suportaria me ver ir.
Noite passada estávamos bem e essa é a melhor lembrança que ele quer ter, e, eu
acho que, eu também.
-
Isso que eu não estava entendendo – Luka tomou a palavra –, ontem vocês
pareciam tão bem e felizes, achei que ele estaria aqui.
-
Pois é.
-
Lua, seu pai ligou, ele já está vindo – dessa vez a minha mãe não gritou, ela
simplesmente apareceu na sala. Nessa hora quem estava sentado se levantou e os
dois grudados escorados na parede se separaram.
-
Bom, acho que está na hora de nós irmos – Tay disse.
-
Certo – Luka concordou.
Cada um
passou por mim, me deu mais um abraço apertado, alguns disseram “adeus”, outros
apenas “tchau”, e todos disseram “vou sentir a sua falta”. Karol chegou até a dizer
para ir visitá-los e todos concordaram com “sim” e “isso mesmo”. Todos saíram
da minha casa deixando-a vazia. Meu pai chegou e ajudou a mim e a minha mãe a
colocar o resto das caixas na sala, o último caminhão de mudança chegava hoje
mesmo, para pegar o sofá e mais algumas coisas que não couberam no primeiro
caminhão – vamos dizer que meus pais adoram guardar tralhas.
Meu pai saiu para colocar o carro para ser
transportado até Nova York e não demorou a voltar. Saí de casa e olhei bem para
ela, morei toda a minha vida naquele lugar, é mais difícil deixá-lo para trás
do que eu imaginava. Fechei os olhos, respirei fundo e pensei: “É hora de dizer
adeus”, abri meus olhos e respirei fundo mais uma vez, realmente não era algo
fácil.
Entrei
no taxi recém chegado, as malas já estavam no porta-malas, meu pai ficou no
carona, minha mãe e eu do banco de trás. Antes do carro dá partida, olhei para
casa do Justin, analisei cada detalhe para que não pudesse esquecer, quando
olhei para a sua janela, ele estava lá olhando para o táxi, parecia que era
mais, exatamente, para mim. Antes de dar partida, pude jurar que vi uma lágrima
escorrer pelo seu rosto, não posso dizer que tenho certeza que o vi chorar, mas
tenho certeza que a lágrima que escorreu pelo meu rosto, era real.
Nada de trânsito durante todo caminho, ou
seja, chegamos ao aeroporto bem rápido. Tiramos as malas do carro, meu pai
pagou ao taxista que partiu assim que recebeu. Entramos no aeroporto e
procuramos um lugar para sentar. Vamos dizer que não estava muito cheio, era
meio de férias, nem inicio e nem final, então, não tinha tantas viagens apesar
de ter um grande índice, do que qualquer outra temporada.
-
Lua, eu sei o quanto...
-
Desculpa pai – o interrompi –, mas duvido que você saiba o quanto está sendo
difícil para mim. Você e a mamãe tiveram apenas que se despedir de amigos, eu
não tive que me despedir só deles. Acho impossível que você, esteja sentindo o
mesmo que eu – me joguei na cadeira azul de plástico, ao lado da minha mãe e
meu pai do outro lado.
Escorreguei
na cadeira e “sentei com as costas” como a minha mãe diz, fiquei viajando,
brincando com os dedos enquanto o tempo insistia em não passar.
-
Lua? – parei de brincar com os meus dedos, mas continuei a encará-los, não
queria olhar e me decepcionar caso fosse apenas minha imaginação. – Lua!? –
não, não era a minha imaginação.
- Justin?
– me levantei e fui até ele. – Achei que não iria vir se despedir.
- E
mais uma vez tenho a impressão que você não me queria que eu viesse.
- Eu
queria! Mas sua mãe disse que você não viria.
- Eu
não poderia deixar você ir assim! Eu te amo caramba! E sei que você me ama
também, nenhum momento da minha vida vai ser tão triste quanto agora, mas eu
definitivamente não poderia deixar você ir.
Eu não queria te deixar ir, mas você tem e eu juro que não estou mais
com raiva por isso, sei que vai ser o melhor – a voz da mulher do aeroporto
soou por aquele espaço fazendo a primeira chamada para o meu voo.
-
Lua, vamos – minha mãe me chamou.
-
Espera – disse a ela e voltei a minha atenção para o Justin. – Eu não queria
ir, eu juro que não, me desculpa por ter mentido, me perdoa e eu espero que
você entenda.
- Eu
entendo – nós falávamos apressados, lágrimas começaram a escorrer pelo meu
rosto.
-
Não é que – ele me abraçou forte e por alguns segundos foi o que precisávamos
para nos “acalmar”.
- Não
derrame uma lágrima, sempre que você precisar de mim, eu estarei aqui. Eu nunca
vou deixar ir.
- Eu
te amo e me desculpa.
-
Não se desculpe, você não tem o que se desculpar – a mulher voltou a chamar.
-
Lua! – meu pai dessa vez.
-
Calma! – respondi.
-
Olha, vá. Meu coração sempre estará contigo, porque não adiantaria nada se ele
estivesse aqui, pois estaria incompleto sem você. Você sempre vai estar em meus
pensamentos, eu nunca vou te esquecer e nem a cada instante que passei contigo.
- Me desculpa por tudo o que te fiz passar e eu tambem
nunca vou esquecer o que passei contigo. Você ainda é o garoto que eu mais amei
na vida e não importa, nenhum vai fazer o que você fez, nenhum vai me fazer
sentir do jeito que eu sinto quando se trata de você. É meio tarde para isso,
mas nunca é tarde para se dizer que ama alguem e eu te amo, muito – cheguei
meus labios perto do dele, lágrimas queriam cair de novo, foi um beijo
demorado, mas sem lingua, um simples beijo de despedida com o gosto mais amargo
que poderiamos sentir em um beijo, é o gosto de um “adeus”. Colamos as nossas
testas enquanto ambos chorávamos e a bendita mulher resolveu fazer a última
chamada.
- Lua! – minha mãe de novo, dessa vez nem respondi.
- É melhor você ir, antes que perca o avião.
- Isso então é um adeus!?
- Sim, é. Quero que fique com isso – ele tirou o boné de
sua cor preferida da cabeça e me entregou.
- Mas é o seu preferido.
- Por isso mesmo que eu quero que fique com ele.
- Adeus Justin – fui me afastando.
- Amor, me dê um último abraço – não hesitei, voltei até
ele e o abracei o mais forte que podia. – Tchau.
Não respondi,
apenas o soltei e me afastei, fomos até o nosso portão que era ali perto – por sorte,
se não perderiamos o avião – passamos as malas e entramos no avião.
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Desculpa por não ter postado ontem, estava atolada de trabalho! But now I'M FREE! HAUSHAUSASHUHAUS Enfim, é o último cap! Caraca velho, nem parece. Vou sentir falta <3
Amanhã tem o epílogo, e vou tentar não atrasar ok? E tento preparar uma boa despedida!
Bezus.